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Pergunta sobre a gramática da palavra al-saabi’un, e como podemos refutar aqueles que dizem que existe um erro gramatical no Alcorão

Pergunta: 49860

Gostaria de saber sobre a gramática da palavra al-saabi'un na Surat al-Maa'idah. Por que ela aparece sob a forma nominativa (al-saabi'un) e em outra Surat aparece no acusativo (al-saabi'in), embora a sintaxe em ambas as passagens seja muito semelhante? Esta foi a causa de uma grande discussão que tive com um cristão que afirma que há erros gramaticais no Alcorão. Eu disse-lhe que se houvesse um único erro gramatical no Alcorão, eu deixaria o Islam. Eu disse isto por uma questão de fé forte e confiança de que o Alcorão é a palavra de Allah, Glorificado e Exaltado seja muito acima do que dizem.

Texto da resposta

Louvado seja Deus, e paz e bênçãos estejam sobre o Mensageiro de Deus e sua família.

A palavra al-saabi'in (na forma acusativa) aparece na Surat al-Baqarah e na Surat al-Hajj, onde Allah diz (interpretação do significado):

"Por certo, os que creem e os que praticam o judaísmo e os cristãos e os sabeus [wa’l saabi’in], qualquer dentre eles que creu em Allah e no Derradeiro Dia e fez o bem terá seu prêmio junto de seu Senhor; e nada haverá que temer por eles, e eles não se entristecerão." [al-Baqarah 2:62]

"Por certo, os fiéis e os judeus, sabeus [wa’l saabi’in], cristãos, masdeístas ou idólatras, Allah os julgará a todos no Dia da Ressurreição, porque Ele é Testemunha de todas as coisas." [al-Hajj 22:17]

A mesma palavra aparece sob a forma nominativa na Surat al-Maa'idah, onde Allah diz (interpretação do significado):

"Por certo, os que creem (na Unicidade de Allah, em Seu Mensageiro Muhammad e naquilo que lhe foi revelado por Allah) e os que praticam o Judaísmo e os sabeus [wa'l saabi'un] e os cristãos, aqueles dentre eles que creem em Allah e no Derradeiro Dia, e fazem o bem, por eles nada haverá que temer, e eles não se entristecerão." [al-Maa'idah 5:69]

Nos dois primeiros versos, não há nada difícil quanto à gramática, porque a palavra al-saabi'in segue a conjunção waw (“e”), e está de acordo com a palavra alladhina (aqueles que); é o substantivo da partícula inna (traduzida aqui como "por certo") e, como tal, aparece sob a forma acusativa do plural masculino, de acordo com as regras da gramática árabe.

A confusão surge no terceiro verso citado da Surat al-Maa'idah, onde a palavra aparece na mesma posição, no que diz respeito à ordem das palavras, mas na forma nominativa.

Os gramáticos e mufassirin explicaram isto de várias maneiras, e citaram vários, bem conhecidos e semelhantes usos em árabe. É suficiente citar aqui apenas três deles, que estão entre os mais conhecidos.

1 – A ordem das palavras no verso difere do uso diário. Com base nisso, o significado é que todos os que creem, sejam eles cristãos ou judeus, quem quer que tenha crido em Allah… nestes não haverá medo, nem sofrimento e o mesmo se aplica aos sabeus. Portanto, o sujeito aparece sob a forma nominativa, tal como indicado com o “waw” do plural masculino. Há um exemplo semelhante em um verso árabe em que o poeta diz:

Faman yaku amsa bi'l-madinati rahlahu fa inni wa qayyaarun biha la gharib

(Quem quer que chegue a Madinah com sua sela, então Qayyaar e eu somos estranhos).

A questão aqui é que a palavra “Qayyaar” – que é o nome de seu cavalo ou camelo – aparece no nominativo aqui (qayyaarun), porque é o sujeito. E não aparece no acusativo mesmo quando precedido pela partícula inna (inni = inna + yaa (eu) que é o sufixo acusativo que representa a primeira pessoa do singular depois da partícula inna).

2 – A palavra al-saabi'un é o sujeito e a palavra al-nasaara (cristãos) concorda com ela. A frase man aamana Billaah (quem crê em Allah) é o predicado de al-saabi'un. O predicado de inna é omitido aqui, como é indicado pelo predicado do sujeito al-saabi'un. Um uso semelhante em árabe aparece no verso seguinte:

Nahnu bima 'indina wa anta bima 'indika raadin wa'l-amru mukhtalif

(Nós com o que temos, e tu com o que tens, estamos satisfeitos, embora seja diferente).

A questão aqui é que o sujeito nahnu (nós) não é seguido pelo seu predicado, porque o predicado de anta (tu) é suficiente. O predicado de anta – raadin (satisfeitos) – inclui o predicado do primeiro sujeito, nahnu (nós). Estas palavras significam: estamos satisfeitos com o que temos, e tu estás satisfeito com o que tens.

3 – A palavra al-saabi'un aparece em conjunção com a palavra que está no lugar do substantivo de inna. Se qualquer uma dessas partículas – inna e suas "irmãs" – estão no início da frase nominal, composta por um sujeito e predicado, o substantivo de inna seria originalmente nominativo porque é sujeito, antes da palavra inna ser introduzida. Assim, a palavra al-saabi'un é nominativa, porque é uma palavra que está no lugar do substantivo de inna.

Veja Awdah al-Masaalik por Ibn Hishaam, com um comentário de Muhiy al-Din (1/352-366); e o Tafsir al-Shawkaani wa'l-Alusi, sobre este versículo.

O que você mencionou, sobre sua verdadeira fé nas palavras de Allah, é o que se espera de cada muçulmano. Allah diz (interpretação do significado):

"E não ponderam eles o Alcorão? E, fosse vindo de outro que não Allah, encontrariam nele muitas discrepâncias." [al-Nisa' 4:82]

Uma das coisas de que devemos ter certeza é que esta frase, com esta pronúncia, foi revelada desta forma. Esta é a forma como foi revelada ao Profeta (que a paz e as bênçãos de Allah estejam sobre ele). Foi assim que os muçulmanos aprenderam dele e como recitaram e escreveram-na nos Mus-hafs, e eles eram árabes puros. Isto se tornou um novo princípio pelo qual aprendemos um novo uso de conjunções em árabe, mesmo que não seja um uso comum, é muito eloquente e sugestivo… (Fim de citação)

Ibn 'Aashur tentou explicar a eloquência da palavra al-saabi'un, quando aparece no nominativo. Ele falou no sentido de que o nominativo nesta frase é incomum, então faz com que o leitor pare e se pergunte por que esta palavra está no nominativo, quando normalmente aparece no acusativo.

Veja o comentário sobre o versículo de al-Maa'idah em Tafsir Ibn 'Aashur.

Para mais informação sobre quem eram os sabeus, veja a resposta à pergunta nº 49048.

No entanto, existem alguns pontos que devem ser observados nesta discussão:

Primeiro: devemos estar interessados no conhecimento shari’; não é suficiente contar apenas com a fé que já temos em nossos corações, apesar de ser ela a maior fonte de proteção. Se o conhecimento shari’ (islâmico) for adicionado (à fé), então – in sha Allah – dará proteção extra contra as dúvidas e confusões que os inimigos da nossa religião possam incentivar.

Segundo: questões como esta nos fazem ver o quão longe chega a negligência relacionada a uma das obrigações mais importantes que temos para com do Livro de Allah, que é o dever de estudá-lo e ponderar sobre ele, não apenas recitá-lo. Allah diz (interpretação do significado):

"Este é um Livro bendito, que enviamos, para ti, a fim de que eles ponderem seus versículos e a fim de que os dotados de discernimento meditem." [Saad 38:29]

O Sheikh Ibn Sa'di (que Allah tenha misericórdia dele) disse: Esta é a razão pela qual ele foi revelado, para que as pessoas possam refletir sobre seus versos, derivar conhecimento a partir dele e contemplar seus significados e regras. Pois ao estudar e contemplar seus significados, e estudá-lo dia após dia, elas receberão suas bênçãos e benefícios. Isto indica que somos encorajados a estudar o Alcorão, e que esta é uma das melhores ações, e que a leitura que inclui ponderar nos significados é melhor do que uma recitação rápida que não alcance este objetivo. A prova disto é que, se realizássemos esta obrigação ao longo do tempo, estes versos nos levariam a parar e a nos perguntar sobre seus significados, para que pudéssemos questionar e pesquisar sobre eles, antes de sermos confrontados com argumentos ilusórios dos nossos inimigos.

Terceiro: se cumprirmos as duas obrigações acima mencionadas, estaremos qualificados para tomar iniciativa e chamar os outros, contando-lhes sobre a verdade que temos e informando-os – da melhor maneira – sobre a falsidade de seus caminhos, em vez de ficar na defensiva, fracos e derrotados. E Allah é a Fonte de força.

A Fonte

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