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Evidência Shar’i de que aquele que é ignorante está perdoado em relação a questões de shirk e kufr

Pergunta: 228033

A pessoa ignorante está perdoada em relação a questões de shirk e kufr? Eu sei que vocês afirmaram em seu site que tal pessoa está desculpada, mas eu gostaria de saber, com algum detalhe, a evidência que indica que a pessoa ignorante é perdoada em relação às questões de crença e politeísmo.

Texto da resposta

Louvado seja Deus, e paz e bênçãos estejam sobre o Mensageiro de Deus e sua família.

Com relação à pessoa ignorante que pratica atos de kufr ou shirk, um dos dois seguintes cenários deve ser aplicado:

-1-

O primeiro cenário é: ele não é Muçulmano, quer siga outra religião ou não tenha uma.

Se é esse o caso, então esse indivíduo é um incrédulo, quer ele saiba o que está fazendo ou ignore, ou baseie sua descrença em alguma má interpretação. Ele não está sujeito às mesmas sentenças que um Muçulmano neste mundo, ele está sujeito às sentenças dos incrédulos, porque, em primeiro lugar, ele não entrou no Islam, então como é que podemos julgá-lo ser Muçulmano quando ele nunca alegou ser?

No que diz respeito à vida futura, se ele realmente era ignorante, e o chamado do Islam nunca lhe chegou de maneira alguma, ou o alcançou de forma distorcida, de maneira que a prova não foi estabelecida contra alguém como ele, então, no que concerne ao seu destino no Dia da Ressurreição, houve um longo debate entre os sábios.

A visão acadêmica mais correta sobre ele é que ele será testado no Dia da Ressurreição. Então, quem obedecer a Allah entrará no Paraíso, e quem O desobedecer entrará no Inferno.

Shaikh al-Islam Ibn Taimiyah (que Allah tenha misericórdia dele) disse:

Existem inúmeros relatos que afirmam que, no caso de uma pessoa à qual a mensagem não tenha alcançado neste mundo, um mensageiro lhe será enviado no Dia da Ressurreição.

Fim da citação de Majmu' al-Fataawa (17/308)

Isso foi discutido anteriormente nas respostas às perguntas n° 1244 e 215066

-2-

O segundo cenário é: ele afirma ser Muçulmano e cumpre as condições de ser descrito como tal, e ele declara abertamente sua completa crença no Islam e sua crença no Mensageiro (que a paz e as bênçãos de Allah estejam sobre ele).

No caso de tal pessoa, se ela pratica uma ação que a torna uma incrédula por ignorância, ela não deve ser considerada incrédula por causa disso, e a descrição de ser muçulmana não deve ser tirada dela, a menos que a prova de que ela está errada seja estabelecida e explicada à pessoa.

Shaikh 'Abd ar-Rahmaan as-Sa'di disse:

No que diz respeito a quem crê em Allah e em Seu Mensageiro e permanece firme em obedecê-los, mas nega algo que o Mensageiro trouxe, por ignorância ou falta de conhecimento sobre aquilo que o Mensageiro trouxe – mesmo que isso constitua descrença e aquele que o pratica é um incrédulo – o fato de que ele ignorou o que o Mensageiro trouxe não permite julgar essa pessoa em particular como incrédula, não importa se a matéria traga ou não uma questão fundamental ou menor, porque a descrença significa rejeitar o que o Mensageiro trouxe, ou rejeitar parte disso, conscientemente.

Assim, você pode saber a diferença entre o incrédulo que não acredita no Mensageiro e o crente que rejeita algo do que ele tirou da ignorância e do desvio, inconscientemente e por teimosia.

Fim a citação de al-Fataawa as-Sa'diyyah (p. 443-447)

A desculpa da ignorância é algo que é válido e estabelecido em relação a todas as questões da religião, quer sejam questões de crença, tawhid e shirk, ou questões de decisões fiqhi.

O fato de que um Muçulmano pode ser desculpado por ignorância em relação a questões de crença é indicado por vários pontos de evidência shar'i, como segue:

1.

Os textos shar'i que indicam que aquele que cometeu erros é desculpado, como o versículo em que Allah, Exaltado seja, diz (interpretação do significado): "Senhor nosso! Não nos culpes, se esquecemos ou erramos" [al-Baqarah 2:286]. E Allah, Exaltado seja, disse [em um hadith qudsi]: "Eu concedi isso", como é narrado em Sahih Muslim (126).

E Allah, Exaltado seja, diz (interpretação do significado): "E não há culpa, sobre vós, em errardes, nisso, mas no que vossos corações intentam. E Allah é Perdoador, Misericordiador" [al-Ahzaab 33:5].

E o Profeta (que a paz e as bênçãos de Allah estejam sobre ele) disse: "Allah perdoou a minha ummah de seus erros e esquecimento, e aquilo a que são forçados a fazer". Classificado como hasan por al-Albaani.

Esses textos indicam que quem faz algo que é contrário ao que é obrigado a fazer, porque esqueceu ou por ignorância, deve ser perdoado. Naquele que está enganado também se inclui aquele que é ignorante, porque aquele que está enganado é alguém que faz algo contrário à verdade sem intenção.

Shaikh 'Abd ar-Rahmaan as-Sa'di disse: Isto é de significado geral e aplica-se a todos os casos em que os crentes cometeram erros, seja com ações ou crenças.

Fim da citação de al-Irshaad ila Ma'rifat al-Ahkaam (p.208)

Shaikh Ibn ‘Uthaimin (que Allah tenha misericórdia dele) disse: a ignorância é, sem dúvida, um erro. Com base nisso, se uma pessoa faz algo que constitui descrença, em palavras ou ações, sem saber que aquilo constitui uma descrença – ou seja, ele é ignorante da evidência shar'i – então, ela não deve ser considerada uma incrédula.

Fim da citação de Ash-Sharh al-Mumti' (14/449).

Shaikh al-Islam Ibn Taimiyah disse: Allah, Exaltado seja, disse no Alcorão (interpretação do significado"Senhor nosso! Não nos culpes, se esquecemos ou erramos" [al-Baqarah 2:286]. E Allah, Exaltado seja, disse [em um hadith qudsi]: "Eu concedi isso", e Ele não diferenciou erros em relação a questões definitivas ou questões baseadas na probabilidade… Então, quem quer que diga que aquele que está enganado com relação a assuntos definitivos ou assuntos baseados em probabilidade está pecando, foi contra o Alcorão, a Sunnah e o consenso das primeiras gerações.

Fim da citação de Majmu' al-Fataawa (19/210).

E ele disse: Além disso, minha atitude – e aqueles que passaram algum tempo comigo sabem disso sobre mim – é que eu sou o único que proíbe, enfaticamente, que julgue uma pessoa específica sendo incrédula, malfeitora ou pecadora, a menos que se saiba que há prova definitiva estabelecida contra ele, do tipo de prova sobre a qual qualquer um que apontar contra ela ou a rejeitar se torna um incrédulo, um malfeitor ou um pecador. Afirmo aqui que Allah perdoou esta ummah por seus erros, que inclui erros em questões de crenças, palavras e ações práticas.

Fim da citação de Majmu’ al-Fataawa (3/229)

Ibn al-'Arabi disse: No que diz respeito aos ignorantes e aqueles que cometem erros dentre essa ummah – mesmo que façam atos que constituam incredulidade e politeísmo, aquele tipo de ações que resultam que o praticante seja considerado um mushrik ou um descrente – devem ser perdoados por sua ignorância e erros até que a prova seja estabelecida contra eles – do tipo de prova à qual quem a rejeitar se torna um incrédulo e esta seja explicada claramente na medida em que um homem daquele calibre não permaneça confuso após tal explicação. Fim da citação. Isso foi narrado por Al-Qaasimi em Mahaasin at-Ta'wil (3/161).

Shaikh 'Abd ar-Rahmaan al-Mu'allimi disse: Mesmo que, às vezes, digamos que isso esteja invocando alguém além de Allah, Exaltado seja, e seja um ato de adoração e politeísmo, não queremos dizer que todos o fazem são politeístas (mushrikun). Pelo contrário, o mushrik é aquele que faz isso sem desculpa. Quanto àquele que faz isso com uma desculpa, então talvez seja um dos melhores servos de Allah, Exaltado seja, e um dos mais virtuosos e piedosos.

Fim da citação de Athaar ash-Shaikh 'Abd ar-Rahmaan al-Mu'allimi (3/826)

2.

Os textos indicam que as provas de Allah contra as pessoas não podem ser estabelecidas, exceto depois que eles tenham conhecimento da prova, como os versículos em que Allah, Exaltado seja, diz (interpretação do significado):

"E não é admissível que castiguemos a quem quer que seja, até que lhe enviemos um Mensageiro."

[al-Isra' 17:15]

"Mensageiros por alvissareiros e admoestadores, para que não houvesse, da parte dos humanos, argumentação diante de Allah, após a vinda dos Mensageiros. E Allah é Todo-Poderoso, Sábio."

[an-Nissa' 4:165]

"E não é admissível que Allah descaminhe um povo, após havê-lo guiado, sem antes tornar evidente, para ele, aquilo de que deve guardar-se. Por certo, Allah, de todas as cousas, é Onisciente. "

[at-Tawbah 9:115]

E há outros versículos que indicam que a prova não pode ser estabelecida, exceto após conhecimento e explicação clara.

Esses versículos indicam que uma pessoa responsável não é obrigada a desempenhar obrigações islâmicas, exceto tendo adquirido conhecimento sobre elas. Se ela não as conhece, então está desculpada.

Shaikh Ibn ‘Uthaimin disse, explicando o que aprendemos com este versículo, "Mensageiros por alvissareiros e admoestadores…" [an-Nisa' 4:165]: A coisa mais importante que aprendemos é que a desculpa da ignorância é uma desculpa válida, mesmo em relação aos fundamentos da religião, porque os Mensageiros trouxeram questões fundamentais e menores, então, se uma pessoa é ignorante e nenhum mensageiro veio até ele, então possui uma desculpa diante de Allah.

Fim da citação de Tafsir Surah an-Nisa' (2/485).

Ibn Al-Qayyim disse:

As decisões shar'i só se tornam vinculativas para uma pessoa quando ela atinge a puberdade e quando as decisões a alcançam. As decisões shar’i tornam-se compulsórias sobre um indivíduo quando este chega à puberdade e quando ele toma conhecimento delas. Tal como elas não lhe são compulsórias até que ele alcance a puberdade, não o são até que ele tome ciência delas.

Fim da citação de Badaa'i' al-Fawaa'id (4/168).

Shaikh al-Islam Ibn Taimiyah (que Allah tenha misericórdia dele) disse em ar-Radd 'ala al-Ikhnaa'i, anotado por al-'Anzi (p.206):

Da mesma forma, se um indivíduo invoca alguém além de Allah e executa os rituais do Hajj para alguém além de Allah, ele também é um mushrik, e suas ações constituem incredulidade, mas ele pode não estar ciente de que isso seja politeísmo, que é proibido.

Quando muitos dos Tártaros e outros entraram no Islam, eles possuíam ídolos pequenos feitos de feltro e outros materiais, dos quais eles se aproximavam e veneravam. Eles não sabiam que isso era proibido na religião do Islam. Eles também procuravam se aproximar (e adorar) o fogo, não sabendo que isso é proibido. Há muitos tipos de politeísmo que alguns dos que entram no Islam podem desconhecer e não perceber que é shirk. Tal pessoa está desviada e a ação na qual ela associa outros a Allah é inválida, mas ela não merece ser punida, a menos que seja estabelecida prova contra ela. Allah, Exaltado seja, diz (interpretação do significado): "Então, não façais semelhantes a Allah, enquanto sabeis (que Ele Sozinho tem o direito de ser adorado)" [al-Baqarah 2:22]. Fim da citação.

3.

Os textos que contam as histórias de alguns que caíram em shirk ou descrença, mas foram desculpados. Incluem o seguinte:

(I) A história do homem que deu instruções para que seu corpo fosse cremado e quem negou o poder de Allah sobre ele

Foi narrado de Abu Hurairah (que Allah esteja satisfeito com ele) que o Profeta (que a paz e as bênçãos de Allah estejam sobre ele) disse: "Houve um homem que transgrediu contra a sua alma (cometendo uma grande quantidade de pecados). Quando ele morreu, ele falou aos filhos: ‘Quando eu morrer, queime-me, depois me recolha meus ossos, então, espalhe-me pelo vento, pois, por Allah, se meu Senhor me capturar, Ele me castigará como nunca castigou qualquer outra pessoa.’ Quando ele morreu, isso foi feito a ele, mas Allah ordenou a terra: ‘Reúna tudo o que há em ti.’ Então, foi feito, e o homem estava parado ali. Allah disse: ‘O que te fez fazeres o que fizestes?’ Ele disse: ‘Ó Senhor, eu Te temia.’ Então, Ele o perdoou." Muttafac alaihi.

O que este homem disse constituiu uma grande descrença que coloca alguém além do âmbito da fé, porque aquilo foi uma negação implícita do poder de Allah reunir o pó espalhado depois que a pessoa morreu. Além disso, o atributo Divino do poder é um dos atributos Divinos mais óbvios e claros, que está indubitavelmente ligado ao Senhorio e à divindade de Allah. Na verdade, é um dos atributos mais significativos do Senhor. Mas este homem não foi considerado um incrédulo, porque ele foi perdoado por sua ignorância.

Ibn 'Abd al-Barr disse: Os sábios diferiram em relação ao significado desse hadith. Alguns deles disseram: este era um homem que ignorava um dos atributos de Allah, glorificado e Exaltado seja, quer dizer, Seu poder. Então ele não sabia que Allah tem poder para fazer o que quiser. Eles disseram: Se uma pessoa é ignorante quanto a um dos atributos de Allah, glorificado e Exaltado seja, mas acredita e conhece todos os outros atributos Divinos, sua ignorância em relação a alguns dos atributos de Allah não significa que ela deva ser considerada uma incrédula. E eles disseram: ao contrário, o incrédulo é aquele que rejeita teimosamente a verdade, e não quem ignora.

Esta é a visão dos sábios mais antigos e de sábios posteriores que seguiram os passos dos primeiros.

Fim da citação de at-Tamhid lima fi'l-Muwatta' min al-Ma'aani wa'l-Asaanid (18/42).

Shaikh al-Islam Ibn Taimiyah disse:

Este era um homem que tinha dúvidas sobre o poder de Allah e Sua habilidade de trazê-lo de volta à vida caso seu pó estivesse espalhado. Ao contrário, ele acreditava que Allah não poderia ressuscitá-lo, o que constitui descrença segundo o consenso Muçulmano. Mas ele era ignorante e não sabia disso, embora fosse um crente que temesse que Allah o punisse. Portanto Allah o perdoou por isso.

Fim da citação de Majmu’ al-Fataawa (3/231).

Ele também disse:

Este homem acreditava que Allah não seria capaz de reunir seu pó caso ele fizesse aquilo, ou ele duvidava que Allah pudesse reuni-lo e acreditava que Ele não o ressuscitaria. Em ambos os casos, tais convicções constituem descrença, e aquele a quem essa prova foi estabelecida deve ser considerado um incrédulo. Mas este homem ignorava isso e nenhum conhecimento o alcançara para dissipar a sua ignorância, mas ele tinha fé em Allah e acreditava em Seus mandamentos e proibições, Suas promessas e advertências, e, portanto, ele temia Seu castigo. Então, Allah o perdoou pelo seu medo d’Ele.

Se um daqueles que crê em Allah, em Seu Mensageiro e no Último Dia, e pratica boas ações, cometer alguns erros na compreensão de algumas questões de crença, eles não serão pior do que esse homem. Allah pode perdoar seus erros ou pode puni-los, se eles não atingirem sua meta e não fizerem esforços suficientes para descobrir a verdade e segui-la.

Quanto a considerar uma pessoa, que é conhecida por ter fé, como sendo uma incrédula por simplesmente cometer erros em relação a algumas questões de crença, isso é realmente uma questão séria. Fim da citação de al-Istiqaamah (1/164)

Imam Ash-Shaafa'i disse:

Allah tem nomes e atributos que são mencionados em Seu Livro, e os quais Seu Profeta (que a paz e as bênçãos de Allah estejam sobre ele) disse à sua ummah. Ninguém a quem a prova foi apresentada claramente pode rejeitar isso, porque elas são mencionadas no Alcorão e em relatos do Mensageiro de Allah (que a paz e as bênçãos de Allah estejam sobre ele).

Portanto, se uma pessoa vai contra isso após uma prova clara ter sido apresentada a ela, então ela é uma incrédula. No entanto, antes de uma prova clara ter sido apresentada, ela pode ser desculpada por sua ignorância, porque o conhecimento dessas questões não pode ser descoberto com base em raciocínio ou com base em reflexão e pensamento. Nós não consideramos que ninguém seja um incrédulo por não saber disso, exceto depois que o conhecimento o alcance.

Fim da citação de Siyar A'laam an-Nubala’ (10/79)

(II) A história dos filhos de Israel com Moisés (que a paz esteja sobre ele)

Allah, Exaltado seja, diz (interpretação do significado):

"E fizemos os filhos de Israel atravessarem o mar, e eles foram ter a um povo que cultuava seus ídolos. Disseram: ‘O Moisés! Faze-nos ter um deus, assim como eles têm deuses.’

Disse: ‘Por certo, sois um povo ignorante. Por certo, a estes, o que praticam ser-lhes-á esmagado, e derrogado o que faziam.’

Disse: ‘Buscar-vos-ei outro deus que Allah, enquanto Ele vos preferiu aos mundos?’"

[al-A'raaf 7:138-140].

Eles exigiram que Moisés (que a paz esteja sobre ele) os desse um ídolo para que eles pudessem buscar aproximar-se de Deus adorando-o, como aqueles mushrikin haviam tomado um ídolo para adoração.

Ibn al-Jawzi disse:

Isso mostra quão grande era a sua ignorância, pois eles pensavam que era permitido adorar algo além de Allah, após terem visto os sinais.

Fim da citaçãode Zaad al-Masir (2/150)

Shaikh 'Abd ar-Rahmaan al-Mu'allimi disse:

Parece, pela resposta de Moisés (que a paz esteja com ele), que mesmo que ele os tenha denunciado pela ignorância, ele não considerou a demanda deles como apostasia da fé. Isto é apoiado pelo fato de que eles não foram repreendidos naquele momento, mas sim foram repreendidos quando levaram o bezerro para o culto. É como se neste caso – e Allah sabe melhor – eles foram desculpados porque eram novos em sua fé.

Fim da citação de Majmu' Rasaa'il al-Mu'allimi (1/142)

(III) A história de Dhaat Anwaat

Foi narrado que Abu Waaqid al-Laythi disse: Nós partimos com o Mensageiro de Allah (que a paz e as bênçãos de Allah estejam sobre ele) em direção a Hunain, e passamos por uma árvore (sidrat al muntaha). Nós dissemos: Ó Profeta de Allah, transforme-a em um dhaat anwaat para nós, como os incrédulos têm um dhaat anwaat. Os incrédulos costumavam pendurar (yanutuna) suas armas em uma árvore sidrat al muntaha e permaneciam ao redor, mostrando devoção a ela.

O Profeta (que a paz e as bênçãos de Allah estejam sobre ele) disse: "Allahu akbar! Isto é o que os filhos de Israel disseram a Moisés: ‘Faça-nos um deus como eles têm deuses.’ Vós certamente seguireis os passos daqueles que vieram antes de vós.”

Narrado e classificado como sahih por at-Tirmidhi (2180). Também foi narrado pelo Imam Ahmad (21900) e classificado como sahih por Shaikh al-Albaani.

Eles pediram ao Profeta (que a paz e as bênçãos de Allah estejam sobre ele) para fazer algo que constitui shirk akbar (politeísmo maior); eles queriam que ele os permitisse pendurar suas armas em árvores, como os mushrikin. Por isso, o Profeta (que a paz e as bênçãos de Allah estejam sobre ele) considerou suas palavras como sendo semelhantes às palavras dos Filhos de Israel a Moisés.

Muhammad Rashid Rida disse: Aqueles que disseram aquilo ao Profeta (que a paz e as bênçãos de Allah estejam sobre ele) eram novos Muçulmanos que haviam abandonado o shirk recentemente, e pensavam que, se o Profeta atribuísse algo assim para esse propósito, seria aceitável e não contrário ao Islam.

Fim da citação de seu comentário sobre Majmu' ar-Rasaa'il wa'l-Masaa'il an-Najdiyyah (4/39)

Shaikh 'Abd ar-Razzaaq' Afifi foi questionado sobre os adoradores de túmulos que creem nos mortos e fazem solicitações a eles. O shaikh (que Allah tenha misericórdia dele) disse: são apóstatas do Islam, se a evidência for estabelecida contra eles. Caso contrário, eles são desculpados por sua ignorância, como aqueles que pediram um dhaat anwaat.

Fim da citação de Fataawa ash-Shaikh 'Abd ar-Razzaaq' Afifi (pág. 371)

Shaikh al-Islam Ibn Taimiyah disse:

Depois de aprender o que o Mensageiro (que a paz e as bênçãos de Allah estejam sobre ele) trouxe, inevitavelmente, descobrimos que ele não prescreveu à sua ummah que invocasse qualquer um dos mortos, mesmo que fossem profetas, pessoas justas ou qualquer outra pessoa, fosse com intuito de procurar ajuda ou de outra coisa, fosse por meio da busca de refúgio ou de qualquer outro caminho.

Da mesma forma, ele não prescreveu que sua ummah se prostrasse para qualquer um, morto ou não, e assim por diante. Ao contrário, sabemos que ele proibiu todas essas coisas, e que essas coisas estão sob o título de shirk, o que Allah e Seu Mensageiro proibiram.

Mas, devido à prevalência da ignorância e da falta de conhecimento dos ensinamentos islâmicos entre muitas gerações posteriores, não é possível considerá-los incrédulos por causa disso, até que aprendam e descubram o que o Mensageiro (que a paz e as bênçãos de Allah estejam sobre ele) trouxe, e o que o contradiz.

Fim da citação de ar-Radd 'ala al-Kubra (2/731)

Shaikh 'Abd al-Muhsin al-'Abbaad disse:

Quanto a invocar os ocupantes das sepulturas, solicitá-los ajuda e pedi-los que atendam às necessidades e aliviem a angústia, este é um grande shirk que tira a pessoa do Islam.

Tais ações devem ser descritas como shirk e kufr, mas não se deve dizer que aquele que faz isso é um mushrik ou um kaafir, porque quem faz isso é ignorante e está desculpado pela sua ignorância, a menos que lhe seja apresentada evidência e ele entenda, e, então, persista naquilo. Nesse caso, ele pode ser considerado um incrédulo e um apóstata.

A confusão sobre os túmulos é algo em que muitas pessoas caíram, quem foi criado em um ambiente onde a veneração de túmulos e solicitação de seus ocupantes era considerado um sinal de amor aos justos, especialmente se houvesse entre eles um dos pseudo sábios que induzem as pessoas a venerarem túmulos e buscarem ajuda de seus ocupantes, afirmando que eles são mediadores que aproximarão as pessoas de Allah.

Fim da citação de Kutub wa Rasaa'il al-'Allaamah al-'Abbaad (4/372)

IV) O hadith de Hudhaifah ibn al-Yamaan (que Allah esteja satisfeito com ele)

Foi narrado que Hudhaifah ibn al-Yamaan (que Allah esteja satisfeito com ele) disse: O Mensageiro de Allah (que a paz e as bênçãos de Allah estejam sobre ele) disse: "O Islam se desbotará como uma cor em uma peça de vestuário gasta, até que ninguém saiba o que é o jejum, a oração, o Hajj e a caridade (zakaah). O Livro de Allah, glorificado e Exaltado seja, será subtraído à noite, e nenhum versículo dele será deixado na Terra. E haverá algumas pessoas remanescentes, velhos e velhas, que dirão: "Nós vimos nossos pais dizendo estas palavras, Laa ilaha ill-Allah, então nós as dizemos também."

Silah disse a ele: Qual o benefício para eles (dizerem) Laa ilaha ill-Allah, quando não sabem sobre o jejum, a oração, o Hajj e a caridade?

Hudhaifah se afastou dele. Ele repetiu sua pergunta três vezes, e Hudhaifah se afastava mais dele a cada vez.

Então Hudhaifah se virou para ele na terceira vez e disse: “Ó Silah, isso os salvará do inferno”, três vezes.

Narrado por Ibn Maajah (4049), classificado como sahih por al-Buwaisiri em Misbaah az-Zujaajah (2/291); classificado como sahih por al-Albaani em Silsilat al-Ahaadith as-Sahihah (1/171).

Este hadith indica que aquelas pessoas não terão nada senão a fé, em sentido geral, por afirmar o Tawhid; elas não saberão nada do islamismo, exceto repetindo simplesmente o que ouviam seus pais dizerem.

Ibn Taimiyah disse:

Muitas pessoas podem crescer em lugares e épocas em que muitos dos ensinamentos do Islam estejam desgastados, de modo que não haja mais ninguém para transmitir o que Allah enviou a Seu Mensageiro do Livro e da sabedoria, então eles não saibam muito daquilo com o qual Allah enviou Seu Mensageiro, e não haja ninguém para transmiti-los. Tal pessoa não pode ser considerada uma incrédula, portanto, os principais sábios concordam unanimemente que quem é criado no deserto, longe das pessoas de conhecimento e de fé, é novo no Islam e nega alguma dessas decisões óbvias que foram estabelecidas através de textos mutawaatir, não deve ser considerado um incrédulo até que ele aprenda o que o Mensageiro trouxe.

Fim da citação de Majmu’ al-Fataawa (11/407)

Conclusão:

O tipo de ignorância sobre a qual uma pessoa é desculpada é aquela em que ela não conhece a verdade e ninguém menciona a verdade a ela. Esta pode ser uma razão pela qual ela não possa ser rotulada como uma pecadora e não possa ser rotulada daquela forma em que ditaria sua ação. Então, se a pessoa afirma ser Muçulmana e testifica que não há deus além de Allah e que Muhammad é o Mensageiro de Allah, então ela deve ser considerada como um deles. Se ela não se intitula Muçulmana, então ela deve ser julgada com as regras mundanas e como membro da religião a que ela pertença.

Quanto à próxima vida, seu caso é como o de pessoas que viveram no período entre Profetas, e esta será julgada por Allah, glorificado e Exaltado seja, no Dia da Ressurreição. A melhor opinião acadêmica a respeito destas pessoas é que serão testadas de qualquer maneira que Allah determinar; quem dentre elas obedeça entrará no Paraíso, e quem dentre elas desobedeça entrará no Inferno.

Fim da citação de Majmu' Fataawa wa Rasaa'il ash-Shaikh Ibn' Uthaimin (2/128)

Veja também as resposta às pergunta n° 215338 

Para mais informações, veja Ishkaaliyyah al-I'dhaar bi'l-Jahl fi'l-Bahth al-'Uqadi pelo Dr. Sultaan al-'Umairi.

E Allah sabe melhor.

A Fonte

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